Descaminhar
Olhava da janela invisível
E não te via no meio daquela multidão
Eu tão sem princípios, tão sem perdões
Com perdão da palavra, pequei muito
Mas não tenho palavras para te desenhar
Olhava da janela azul claro
E não te via com teu vestido de flores
Eu tão sem imaginação, tão sem esforços
Eu te perdia todos os dias santos ou não
E te achava tão linda no meio do povo
Olhava da janela do sobrado antigo
E não te via sólida no meio das pessoas
Era uma chuva de água e granizo frio
Eu te olhava não concreta quase um espirito
E te continha em meus olhos míopes
Olhava da janela cheia de paraísos
E te via descaminhar sobre as coisas
Eu tão sem coragem, sem vontade própria
Aproprie-me dos teus passos largos
E a manhã raiou desproporcional e vazia
Milton Oliveira
20.03.2019