DESATENÇÃO

Minha atenção é obsessiva no que conduz ao meu pesar

Quem sabe fui desatento quando nasci...

Provavelmente poderia ter sido atento quando fui religioso

Minha aura de enxofre teria sido mais resplandecente

Outras desatenções vieram no fluxo das águas

Salvaram minha pele numerosas ocasiões

Em outras cavaram buraquinhos na carne como bernes e foram até o osso, chegaram no tutano e continuaram...

Prestando atenção nisso tudo, envolto nas minhas superstições de criança

Foi que percebi as nuvens chegando e todas as matemáticas da vida se descortinando no meu horizonte

As bolhas de sangue explodiram e mancharam tudo de rubro

Num turbilhão onde tudo fez sentido

E a distração perdeu todo o sentido

Os atentos herdarão as cinzas...

Apenas pra poder assoprá-las e admirar a dissolução

Caio Braga
Enviado por Caio Braga em 20/03/2019
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