Casinha de Tábua
Casinha de tábua,
onde eu morei,
uma cisterna com água,
um vaso sanitário para dezenas,
um chuveiro frio para muitos,
casa de alvenaria, nesse tempo,
era só para os ricos.
Casinha de tábua,
onde eu morei,
no lote, tinha o Januário, um solteirão,
a Rute, que nos dava sopa todas as sextas-feiras,
o Rosano, menino que chorava a noite inteira,
sua mãe, a Edinéia, dizia: Cala a boca, Rosano,
amanhã, tenho levantar cedo para trabalhar.
Casinha de tábua,
onde eu morei,
diziam os vizinhos que eu era o "cão",
Dona Iracema e seu Ivo, donos dos barracões,
A Nair vendia balas e doces para pagarmos no final do mês,
Um dia, correndo atrás de um pardal,
coloquei fogo na casinha de tábua,
A Rute gritou: - Giovani, sua casa está pegando fogo!
Nossa Senhora de Luz! Água, água.
Casinha de tábua
onde eu morei