A velha loucura
No último verão a loucura me procurou novamente
Sorrateira, esperta, buscando meus dias mais belos, escolheu estragar meu brilho, minha sorte, meu pedido realizado.
Ela fala, ela convence
Ela apresenta, inclusive, as provas
Mostrando sem piedade que o sonho não é pra mim.
Desta vez, a monstra maldita, infame, violenta e silenciosa foi silenciada
Não com gritos
Não com choros pra dentro
Não com suor e desespero – mas depois deles
Foi simplesmente domada
Com álcool
Com cigarros
Com anjos.
Uma folha pintada a aquarela, com nuances vermelhos e laranjas, foi o sinal
De que tudo estava estranhamente se acomodando
Em chamas
De aquarela,
Em movimento.
Desenhadas com pincéis diversos, do fundo da alma, por cima da água rasa.