Alquimia Poética
Transmuto-me, e à poesia... Ainda grosseira,
pronta a ser lapidada e lanço cadinho em chama;
e os ingredientes estão dispostos em novas palavras,
segredos desvelados e velados, renovados em Hermética.
Transmuto-me, sou a poesia... No fogo alquímico,
cozinhando no mercúrio, em leite da terra;
devorador de vocábulos disfarçados... Sou sol,
e o criptógrafo adormecido desperta,
revelando a pedra da consciência... Matriz do elixir.
Transmuto-me, em vertigens poéticas... Em brasas
Mergulho nesse fumegante frenesi transformador
D’onde retiro o sal dos sábios e as novas revelações
Transito agora entre os estágios transformadores
E a noite de estrelas fez-se presente em nova rima
Transmuto-me, sou o próprio carvão... Tornar-me-ei ouro
Dentre todas as estrofes da minha vida, vou luzir em magma,
das entranhas da mãe criadora jorrará a bebida revigorante;
e antes de renascer morrerei três vezes, em sepulcro lacrado,
e resplandecente e eterna minh’alma completará a obra;
que no orvalho colhido pela manhã se fez consumada.
De um processo denominado de Alquimia Poética...