MULHER ISOPOR

Caminhei pelas veredas da vida.

Tropecei em vultos e, desiludida,

Cai num bueiro onde o sonho

Faz morada.

Longo tempo passei adormecida,

Entregue às últimas despedidas

De um devaneio arrebatador.

Meio sonolenta, abri bem os olhos,

Já não me via entre espinhos e abrolhos,

Mas recordava amores de outrora,

Era preciso que novas auroras

Pintassem em mim telas sem sombras

Para que diante do mar e suas ondas

Eu pudesse descobrir um novo amor.

Um novo Sol descortinou-se diante de mim,

À noite a Lua clareou as nuvens e, enfim,

Pude abandonar aquele bueiro de solidão,

Deixar que a saudade desenhasse um coração

Onde a felicidade fizesse intenso abrigo

De alegrias ímpares que vivessem comigo

Sem qualquer dossiê que me lembrasse a dor.

Afinal o sorriso tornou-se minha espinha dorsal;

A vida, retrato de um inesquecível carnaval

Que me fez caducar ainda bem moça

Perante as estrelas das madrugadas insossas...

Tudo mudou depois do estágio naquele bueiro,

Agora vejo um mundo elegante e faceiro

Em que ser mulher não é ser de isopor!

DE Ivan de Oliveira Melo

Ivan Melo
Enviado por Ivan Melo em 17/03/2019
Código do texto: T6599875
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