O HOMEM SOFRE DO QUE ELE É

O HOMEM SOFRE DO QUE ELE É

Marília L. Paixão

A árvore amarela

Amarela deixou de ser

A parede cinza

Sujou-se de sangue

Um pouco antes de entardecer

No céu não pulou nenhum anjo

Não andam brincando por lá

Na terra crianças andam atirando

Não é assim que se forma um lar

Será que minto?

Será que a realidade anda me aturdindo?

Vou mudar a trajetória

Quem sabe um horizonte multicor?

E se não der para avistar anjinhos de asas brancas

Porteiras com crianças de olhar cheio de brilho, sorriso lindo

Será que não me falta um bucolismo de outros séculos

Para eu voltar aos sonetos belos?

Mas nunca vivi a arte de fazer sonetos sequer em branco e preto

De onde vim ou para onde vou

Só me resta o hoje em que estou

E estou estagnada numa poça parada

Metade me sinto gente

Metade estrada

Metade bicho

Metade nada

O que sobra para o homem sonhador?

Sonhar com sobras do que restou?

O que sobra para a bela sobrevivência?

Sonhar com a atmosfera do amor?

Amor também é brio

Amor também tem fome

Amor vive medindo a coragem do homem.

Marília L Paixão
Enviado por Marília L Paixão em 19/09/2007
Reeditado em 20/09/2007
Código do texto: T659987
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