Os homens sem rosto
Os homens sem rosto
Aqui nascem os homens do futuro
Os homens sem rosto, pálidos
Da terra morta de um futuro incerto
Estarnecem, os poetas do novo mundo
Suas vozes ressecadas, gritam
Os olhos desamparados, ressalvam
E o vento leva embora, tão atentos
Aos maquinários de uma cidade sempre inconstante e com pressa
Seus corações vazios
E escrevem ao mundo
Depois de perde-lo
Fúgido, mas eu vejo, Proust!
Agarra-me a mão, no que me dissestes do tempo perdido
Quando o céu sem estrelas deitou a minha angústia
Nas tuas palavras
E vi as esperanças se tornarem pó
As esperanças dos homens sem rosto
Que no mundo vivem, e à vida Cantam
A ansiar pelos dias que nunca chegam
E a sonhar com as memórias que nunca voltam
Sob um fatídico céu de saudade
E os homens do mundo, do mundo partem
Ao pôr do sol, do último solstício
A que todos esperam, até que
Do outro lado, os que ficaram
Cantam às suas memórias
Como se fossem fantoches.