Os homens sem rosto

Os homens sem rosto

Aqui nascem os homens do futuro

Os homens sem rosto, pálidos

Da terra morta de um futuro incerto

Estarnecem, os poetas do novo mundo

Suas vozes ressecadas, gritam

Os olhos desamparados, ressalvam

E o vento leva embora, tão atentos

Aos maquinários de uma cidade sempre inconstante e com pressa

Seus corações vazios

E escrevem ao mundo

Depois de perde-lo

Fúgido, mas eu vejo, Proust!

Agarra-me a mão, no que me dissestes do tempo perdido

Quando o céu sem estrelas deitou a minha angústia

Nas tuas palavras

E vi as esperanças se tornarem pó

As esperanças dos homens sem rosto

Que no mundo vivem, e à vida Cantam

A ansiar pelos dias que nunca chegam

E a sonhar com as memórias que nunca voltam

Sob um fatídico céu de saudade

E os homens do mundo, do mundo partem

Ao pôr do sol, do último solstício

A que todos esperam, até que

Do outro lado, os que ficaram

Cantam às suas memórias

Como se fossem fantoches.

Wilde
Enviado por Wilde em 16/03/2019
Código do texto: T6599848
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