Amanhecer
Então ja é hora!
Recolhemo-nos todos, ao fim da tarde
À hora tardia onde morrem os homens.
Já na aurora, em vão dispersos em cada rua, chega de longe uma perigosa sentença :
"Que dia haverá de não ser, por fim, um outro dia?"
Então nós partimos, para a sala ao lado
Um pouco mais cedo, junto aos cadáveres sobre a mesa,
As maos gélidas sobre a mesa
Ao claro frio do verão que roça sobre a porta as suas promessas
E todo o mundo enche-se tal misterioso segredo
Mas devemos ir! Ja é tarde.
Um beijo naufraga em outra paisagem ou talvez
Um abraço, não procures!
Ande, como grandes amigos
Vamos lá, e nao te esqueças :
conserva à distância
Essa tua sombra! -
Ou sobre ti ela se erguerá
Quando te fores.
Lentamente, - a fumaça
Incendeia-se no céu desolado
E o tédio renasce nas paredes da sala, quando a luz não existe
E o espelho grita teu nome porque não conhece
Ao longo do dia feito um dia passado
Mas haverá de chegar
A hora em que a noite some
E esse véu calmo e sem pressa, que cega a vista e obscurece o sono
Onde águas maçantes caem em silencioso tormento
E a manhã tornará ao seu velho relento
Tal como as nuvens e os astros do céu!