Amanhecer

Então ja é hora!

Recolhemo-nos todos, ao fim da tarde

À hora tardia onde morrem os homens.

Já na aurora, em vão dispersos em cada rua, chega de longe uma perigosa sentença :

"Que dia haverá de não ser, por fim, um outro dia?"

Então nós partimos, para a sala ao lado

Um pouco mais cedo, junto aos cadáveres sobre a mesa,

As maos gélidas sobre a mesa

Ao claro frio do verão que roça sobre a porta as suas promessas

E todo o mundo enche-se tal misterioso segredo

Mas devemos ir! Ja é tarde.

Um beijo naufraga em outra paisagem ou talvez

Um abraço, não procures!

Ande, como grandes amigos

Vamos lá, e nao te esqueças :

conserva à distância

Essa tua sombra! -

Ou sobre ti ela se erguerá

Quando te fores.

Lentamente, - a fumaça

Incendeia-se no céu desolado

E o tédio renasce nas paredes da sala, quando a luz não existe

E o espelho grita teu nome porque não conhece

Ao longo do dia feito um dia passado

Mas haverá de chegar

A hora em que a noite some

E esse véu calmo e sem pressa, que cega a vista e obscurece o sono

Onde águas maçantes caem em silencioso tormento

E a manhã tornará ao seu velho relento

Tal como as nuvens e os astros do céu!

Wilde
Enviado por Wilde em 16/03/2019
Código do texto: T6599844
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