Policromia


Clevane Pessoa de Araújo Lopes







Minha alma translúcida
tinge-se de poente

— e o poente, de cores

como flores / num jardim.





Embriago-me de LUZ :



o branco em mim

se descontrai





nessa alma de prisma...





Saio, pela vida,

de expressão colorida,

espírito renovado

— ah, essa minha alma

cheia de im/perfeições

que, à semelhança dos vitrais,

quanto mais impura,

encantadora faz-se mais...



Em mim, refletem-se os tons

das escamas nas asas

das borboletas,

os tons/sons

das águas fulvas

das águas verdes

das águas brancas

das águas negras

das águas azuladas

das águas barrentas

prateadas,

douradas

pelo reflexo, em sua massa

misteriosa,

das areias, do lado, das pedras,

das algas, do céu, do barro,

do sol

e

da lua...

e

do sal



Coleciono verdes

tenros e antigos

— tantos matizes!

amarelecidos

enriquecidos...



As penas das aves, os sonhos,

os olhos das crianças, os cristais,

a Terra, a graxa, o petróleo,

os frutos, os minerais,

ah, as cores todas do mundo

eu carrego nesse meu espírito

profundo,



atravessador

de lugares

seculares,



nessa minha alma

sedenta de cor

e amor,

rimas banais

para belezas fractais

e possibilidades

infinitesimais...

clevane