Raso cais profundo
Ha noites várias que sonho contigo
A tua pele escaldante dobrada na minha
Teu corpo curvado no meu corpo deitado em tu'alma pairando na minh'alva de cascatas mélicas que dissolvem toda unidade do meu existir neste corpo inteiramente entregue ao teu
Distante
no mundo matéria.
Não sei onde anda teus pés derrama teus braços descansa teu peito-mundo: em alguém? Só?
Eternamente etéreamente em mim.
Não sei onde pensa tua mente divaga teu olho do corpo-sem-corpo repousa sua breve consciência sem tempo.
No poema-eu-sou: tu és.
Distante (a memória)
seguem meus passos dançando em arabescos-braços d'outrém: vários e várias
Gozando o esquecimento.
Presente
Retoma o olvido que de lembrança remota e serena
renasce
como quem jamais foi qualquer coisa menos viva que a vida.
Dissolve o peito. Derrama o mundo. Reclama o tempo.
Pereniza o Novo.
Deleita-se e repousa-me Eu em desvario este que a si próprio alimenta e aquiesce: raso cais profundo.