Raso cais profundo

Ha noites várias que sonho contigo

A tua pele escaldante dobrada na minha

Teu corpo curvado no meu corpo deitado em tu'alma pairando na minh'alva de cascatas mélicas que dissolvem toda unidade do meu existir neste corpo inteiramente entregue ao teu

Distante

no mundo matéria.

Não sei onde anda teus pés derrama teus braços descansa teu peito-mundo: em alguém? Só?

Eternamente etéreamente em mim.

Não sei onde pensa tua mente divaga teu olho do corpo-sem-corpo repousa sua breve consciência sem tempo.

No poema-eu-sou: tu és.

Distante (a memória)

seguem meus passos dançando em arabescos-braços d'outrém: vários e várias

Gozando o esquecimento.

Presente

Retoma o olvido que de lembrança remota e serena

renasce

como quem jamais foi qualquer coisa menos viva que a vida.

Dissolve o peito. Derrama o mundo. Reclama o tempo.

Pereniza o Novo.

Deleita-se e repousa-me Eu em desvario este que a si próprio alimenta e aquiesce: raso cais profundo.

Nicolle Ramponi
Enviado por Nicolle Ramponi em 15/03/2019
Código do texto: T6598943
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