LUZ

Hoje eu peço luz.

Só luz!

Abaixe a faca e a baioneta

Deixe o porte e a arma

Desarma...

Você tem luz... Uma luzinha de nada basta

Do seu celular, de um palito em chama

Ou do brilho de um intruso vaga-lume

Um pontinho apenas...

São crianças os anjos que se despedem de nós.

A cada dia a morte escancara os dentes para o novo tempo

E é saudada pelos homens cegos que brilham ao sol,

Seduzidos pelo rufar dos tambores e pelo toque das trombetas.

Escute, apenas!

(Os seus músculos saltam a cada saque de arma e fuzil

E sorriem

Só riem...

Gozam.)

A vida é bela!

O uniforme limpo! Alvo!

Mas só por hoje

Pare a compra. Do voto, do veto, da vista.

Pare a marcha e veja a mancha:

É sangue o que tem aí escorrendo em sua roupa!

Um pontinho de luz e já dá pra ver!

Aproveite a procissão dos meninos e enxergue.

Stella Motta
Enviado por Stella Motta em 14/03/2019
Reeditado em 14/03/2019
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