EU GOSTO - Ou: ode da desordem
Vindo aqui rapidinho fazer uma homenagem aos poetas e poetisas deste Recanto. Desculpem a ausência. Ando muito ocupado esta semana.
EU GOSTO
Ou: ode da desordem
Eu gosto
Da gata.
Não a felina
Que faz miau
Apesar de arranhar quanto.
Eu gosto
Do churrasco.
Não dos gaúchos bigodudos
E suas exuberantes bombachas
Dançando na vara de pau.
É uma gata.
É um churrasco.
Autêntico filé de miau.
É o palito que nos une
Em prenúncio de união das carnes.
As coxas,
As sobrecoxas,
O sobre sob o sub
E o coração arfante
E o meu peito cá chiando
E se pudesse amá-la-ia,
Mas não posso amar ela.
Assim, ó meu doce amor,
Meu sovaco de bolor,
Estes versos tão sublimes
Dizem o que não entendo
Nem pretendo engolir o incompreensível
Esperando que um dia entendas tu
Que nada tive a ver navios
Onde amarrei meu jegue
Nem com o roubo da bicicleta
Que ET saiu voando.
Apenas subi na árvore
Do arcadismo e suas métricas
Para ver o meu amor passar...
Levei uma eternidade para subir.
Vi os bois de Dirceu pastando
E a minha Marília não passou.
Mandou recado dizendo ter ido ao encontro
De Tomás Gonzaga na Ilha das Cobras.
Disse cobras e lagartos.
Cancelei a consulta
Com o alferes Tiradentes
Que iria extrair meu dente
Para ir ao seu encontro.
Agora o dente doía e eu gemia
Com a dor de corno do momento.
Desci da árvore chateado, chupando u’a manga.
Depois notei haver subido em um pé de coentro
E chupava um picolé misto de jiló e macaxeira,
Com creme de camomila para cabelos castanhos.
E estou aqui, zanzando acolá,
Pronto para amá-la sob o clarão
Da lua nova em eclipse solar...
Amarela como a abóbora
Que matou a fome na seca do Ceará;
E redonda como o tamanco
Que feriu a mãe do jegue
Amuado e sem jeito como este poeta.