Não escrevo mais um verso!
Não escrevo mais um verso!
História, histórias, poesia inversa:
Estéril, pois com versos não se compra pão.
Sobre versos não estão erguidos
Castelos antigos, Taj Mahals.
Escuta, amigo, que não minto.
Já cá estou há muito tempo neste sótão.
Conheço os antigos e os modernos:
São farinha do mesmo saco.
Reconheço-lhes o sapato,
Tem sempre lama na sola.
Platão os mandou embora,
A plantar batatas. E cá inda estão
Estorvando nossas mães,
Com promessas de louros
Aos filhinhos pagãos.
Não foi feita com rimas a muralha da China.
De palavras vazias, tu sabes!, o inferno está cheio.
E cheio estou eu e Deus e o mundo:
e vamos todos, de mãos dadas,
para o fundo do poço.