MAESTRIA DE FURACÃO
Minha raça não esgarça, nem se esconde
é faca destemida, alforriada, ciganada, desgarrada,
sacode seus acordes, seu dono, seu anzol.
Minha raça nunca coalha, nunca encarde, nunca azeda,
está sempre de prontidão pro que der, vier e quiser,
está sempre pronta pra nascer, pra morrer.
Minha raça tem cheiro de mato, cor de vento,
sabe caminhar em brasa, em espinho, em mágoa movediça,
nunca perde seu rumo, volta pra toca sempre que quiser.
Minha raça é vigorosa, já rodou mundos, revirou chãos,
é sábia como as pedras, divina como o nó da paixão,
quem a conhece se encanta já nos primeiros suores,
quem a desvenda ganha o céu de presente.
Minha raça saltita, faz traquinagem, brinca com Deus,
debulha cada vértebra que se faz viva,
embaralha os mistérios dos homens com maestria de furacão.