AFINIDADES

Compor um poema na tarde reflexiva.

Um bege rodeia o ambiente ventilado.

O pensamento bem longe lá no espaço

onde meu verso silenciosamente gravita.

Há ventanias que reviram as ânsias.

Há movimentos que deslocam o vértice.

A desimportância dessas importâncias.

O raro valor desvalorizado do verso.

A teimosia do poeta revira a palavra,

e a tritura, alicia, ironiza e a subverte

sob uma falsa autoridade que nasce

do erro de saber o que não conhece.

Aquela formação acolá quase damasco

é, lindamente, o que de fato o apetece.