A ESCRAVA DA PALAVRA

Tua carne é fraca.

Eu de idéias sou feita.

Nunca morro,

nunca feneço.

Podes até tentar

- quem sabe? –

afastar-me.

em vão.

Sou carnívora.

completa

e de sentidos diversos.

Para sempre

eterna-mente

sempreviva.

E me instalo

preta

ou

branca

ou

idéia.

Devagar

vou te

digerindo

sugando

açoitando

( quem sabe no meio de tudo,

uma noite de amor...)

Trabalhas, trabalhas,

até que eu diga:

“Chega!”

Remexo na tua chaga mais funda

com minha unha imunda

até vê-la moribunda,

quase morta

de PAIXÃO.