A FACA

Migrei tudo que sinto como pessoa

para uma coisa que não conheço

ofereço a faca em tuas mãos

(ela, cortante em sua matriz)

não te peço favores

quero apenas que aceites a imolação

(frívola e cruel, mas, necessária)

sabes apenas que vivi

e se isso vale alguma coisa

o céu será pequeno demais

então aceita

esta lâmina cortante e afiada

decepa o que for necessário

e toma o que restou

e parti sem destino

levando no cós esta faca

(certeira e bárbara como a natureza)

enfim se não aceitares o sacrifício

esconde-se em tua alma

na frialdade que é fugir

que é se enterrar em vida

mas, sempre lá estará ela

(com o seu gume brilhante)

esperando tua decisão

sabes apenas

que a ferrugem corrói

e pode ser que quando decidires

finalmente imolar-se

a faca já tenha definhada

(desfigurada e coberta pela corrosão)

e, ao invés de se libertares

estarás contraindo um câncer.

(22/05/03)

Ozimar Júnior
Enviado por Ozimar Júnior em 01/11/2005
Reeditado em 26/07/2008
Código do texto: T65970