FUNDO DO POÇO

Rio, 31/08/2007.

Meu castigo

Naquele instante

Foi lancinante.

Meu inimigo

Amassado com fel

No pranto embebido

Foi também réu

Que ferido

Numa guerra

E quem berra

Sem eira nem beira

De uma maneira

Muito grosseira.

E o extremo beijo

Deu na boca aleijo

No final mente

Um ser docemente

E grita por socorro

No seu tormento

Um rio sujo e barrento.

E desce o morro

Pra rua sangrenta

E também poeirenta

E a vida passa lenta

A fome é medonha

O pobre sonha

E assim aguenta.

A luz que divisa

A pedra alisa

Águas na cidade

Tem pouca idade

Já é marginal

E seu final

É capa de jornal.

E vejo peçonha

No homem falante

O Sr. Prometeu

Que fala e ronha

É tão elegante

E furta o que é meu.

A dor domina

Em cada esquina

E é pequenina

A lua no céu

Há quem domina

E não gosta de mel.

O riso

Apagado

O siso

Arrancado

O mundo

Esbroado

O fundo

Foi tirado

O juízo

Então fedeu

A esperança

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