TRANSTORNO NO TRANSBORDO
Ao final de cada dia, a mudança
desigual é covardia; a lembrança
dos irritantes transbordos – agonia!
Aos viajantes, transtornos – ironia?
Troca do sujo veículo no regresso
bolado, cujo ridículo eu expresso,
repleto em copiosa indignação,
completo em preciosa afirmação:
Fatos fortes são das vidas molestadas,
dados cortes são feridas espetadas,
são opiniões patéticas não esquecidas,
são ocasiões estéticas não merecidas.
Momentos que já se foram, enfim,
tormentos que lá sugaram a mim,
são raras lembranças deformadas,
tão caras esperanças maltratadas.
Salvador, 06/06/1998.