CHUVA NO SERTÃO

Caiu a noite e a lua se escondeu

não veio sorrir, emudeceu.

Sem o seu sorriso maroto, cheio

a noite entristeceu.

As estrelas solidárias

deixaram de piscar e se recolheram

O infinito empalideceu, o céu tenebroso

coberto por um véu, chorou.

Lágrimas que desciam suavemente

depois em abundância

pelo espaço sideral

alcançando o solo seco

e esturricado do sertão

Benditos pingos que do céu caíram

trazendo esperança de um renascer

para o sertanejo calejado e triste,

mas que nunca desiste nem perde a fé

Bendita lua que se ocultou!

Benditos pontos luminosos que do céu se ausentaram

deixando vir o aguaceiro!

Benditas gotas que do céu desceram!

Quantas vidas depois de sua visita renascerão!

Todos os reinos festejam a sua presença

úmida, fria, bela e necessária

a todos os viventes.

Publicado:

RODA MUNDO Roda Gigante

Antologia Internacional, Ottoni Editora, Itu/SP, 2004

Selma Amaral
Enviado por Selma Amaral em 01/11/2005
Código do texto: T65949