Uma noite
A chuva fina me acompanha
Pelas ruas. Luzes refletem na água
Acumulada no asfalto e um frio sem cor
Entra pelo meu nariz.
Sozinho, já em casa, olho pela vidraça,
O céu está avermelhado de nuvens.
Um copo de vinho,
O pensamento procurando a vida,
A vida fugindo para dentro
De uma ilusão próxima.
Nessas noites de saudade, costumo pensar
No tempo que perdi tentando viver
Os sonhos dos outros. A chuva fina,
Batendo na janela, traz uma
Sensação de paz. A falta de uns olhos
Tristes e abraços quentes, me dá a
Mesma sensação.
Estou falando de mim e ao
Mesmo tempo ouvindo a voz de
Coisas passadas. Dentro do meu quarto,
Um corpo imóvel e imaterial
É a contradição do amor.
Tudo é vago e nada do que pensei
Faz realmente sentido.
Lá fora, do lado de fora da noite, o que
Resiste é uma vontade de permanecer.
A felicidade, quando eu era muito novo,
Consistia em pensar na tristeza
Que sinto hoje. Não vale mesmo
A pena viver fora do tempo.