Uma noite

A chuva fina me acompanha

Pelas ruas. Luzes refletem na água

Acumulada no asfalto e um frio sem cor

Entra pelo meu nariz.

Sozinho, já em casa, olho pela vidraça,

O céu está avermelhado de nuvens.

Um copo de vinho,

O pensamento procurando a vida,

A vida fugindo para dentro

De uma ilusão próxima.

Nessas noites de saudade, costumo pensar

No tempo que perdi tentando viver

Os sonhos dos outros. A chuva fina,

Batendo na janela, traz uma

Sensação de paz. A falta de uns olhos

Tristes e abraços quentes, me dá a

Mesma sensação.

Estou falando de mim e ao

Mesmo tempo ouvindo a voz de

Coisas passadas. Dentro do meu quarto,

Um corpo imóvel e imaterial

É a contradição do amor.

Tudo é vago e nada do que pensei

Faz realmente sentido.

Lá fora, do lado de fora da noite, o que

Resiste é uma vontade de permanecer.

A felicidade, quando eu era muito novo,

Consistia em pensar na tristeza

Que sinto hoje. Não vale mesmo

A pena viver fora do tempo.

João Barros
Enviado por João Barros em 08/03/2019
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