Adormecido
Salgada cai noturna e atordoada chuva,
Dos olhos que deleitam-se na fantasia
Do que lhe fora realidade um dia.
Vinho que retornara à uva;
É fruto doce, se, a seu tempo colhido,
Mas vão-se os empenhos nesse esforço.
E um olhar apenas bastaria,
Se nele, invés de ressequida fibra,
Brilhasse o desejo do não possuído.
No entanto jaz no peito que não vibra
O sonho de amor já consumido.