Conotação

Eu, *anacoluto* ,

eis-me perdido

Sou uma *metáfora*

Como o*símile* do trovador

Que mente nesta *comparação*

Distribuo uma *hipérbole* de elogios a ti, milhões

A tua *ironia* é a arte de me zombar

A *metonímia* de toda te ler

E a *catacrese*, ao te embarcar, o único modo de dizer

A *elipse* do teu nome

Nas minhas frases de amor

A se transformar em *zeugma,*

Por tê-lo citado anterior

Subo pra cima, desço pra baixo

Não me rebaixo com esse *pleonasmo*

É tão simples entender esta *antítese*

Pois há também um *paradoxo* do que sinto

Com o que minto

Em uma lauda há uma *personificação*

Ouço a voz das palavras

A soar *anáfora* do teu nome

E *polissíndetos* de adição

Os *assíndetos* não nos une

Deixa-me impune

Pois a *sinestesia* dos meus sentidos

Não te toca, ouve, vê, saboreia, olfateia

Escrevo o som da dor

Uma impossível *onomatopeia*

É aquela linha em branco

Antes da *assonância* do ô

E a *aliteração* é tão louca

A tornar minha voz rouca

A dizer a *anástrofe* :

"Do Rei Rato, a rata roeu a roupa"

Quando inverto bruscamente a ordem

E um vocábulo é o mais enfatizado

É o *hipérbato* a combinar a rima

Dos meus textos figurados

Em uma das *silepses*

Lembro-me que antes,

Os amantes líamos na literatura

As figuras inventadas

Em *gradação* decrescente

Eu me enriqueci dos conhecimentos

Esqueci dos entendimentos

E a memória perdi

Pois restará longe o meu finamento

O *eufemismo* do momento

A dizer sem escarcéu:

"O poeta viajou para o céu"

Ed Ramos
Enviado por Ed Ramos em 06/03/2019
Reeditado em 18/10/2024
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