Conotação
Eu, *anacoluto* ,
eis-me perdido
Sou uma *metáfora*
Como o*símile* do trovador
Que mente nesta *comparação*
Distribuo uma *hipérbole* de elogios a ti, milhões
A tua *ironia* é a arte de me zombar
A *metonímia* de toda te ler
E a *catacrese*, ao te embarcar, o único modo de dizer
A *elipse* do teu nome
Nas minhas frases de amor
A se transformar em *zeugma,*
Por tê-lo citado anterior
Subo pra cima, desço pra baixo
Não me rebaixo com esse *pleonasmo*
É tão simples entender esta *antítese*
Pois há também um *paradoxo* do que sinto
Com o que minto
Em uma lauda há uma *personificação*
Ouço a voz das palavras
A soar *anáfora* do teu nome
E *polissíndetos* de adição
Os *assíndetos* não nos une
Deixa-me impune
Pois a *sinestesia* dos meus sentidos
Não te toca, ouve, vê, saboreia, olfateia
Escrevo o som da dor
Uma impossível *onomatopeia*
É aquela linha em branco
Antes da *assonância* do ô
E a *aliteração* é tão louca
A tornar minha voz rouca
A dizer a *anástrofe* :
"Do Rei Rato, a rata roeu a roupa"
Quando inverto bruscamente a ordem
E um vocábulo é o mais enfatizado
É o *hipérbato* a combinar a rima
Dos meus textos figurados
Em uma das *silepses*
Lembro-me que antes,
Os amantes líamos na literatura
As figuras inventadas
Em *gradação* decrescente
Eu me enriqueci dos conhecimentos
Esqueci dos entendimentos
E a memória perdi
Pois restará longe o meu finamento
O *eufemismo* do momento
A dizer sem escarcéu:
"O poeta viajou para o céu"