QUER O MUNDO?
Quer o mundo? Está lá fora, ex-presidente,
Vá buscá-lo! Pois se o cárcere é ilegítimo
O que impede -- ora que coisa! -- esse ir em frente
Sem sentenças, sem triplex, sem qualquer sítio?
Quer lencinho, ex-presidente? Oh, mártir! Santo!
Um lencinho basta, ou uma caixa de Kleenex?
Há verdade nesse midiático pranto,
Bem sabemos, câmeras não mentiriam.
Quer escolta? Quem paga é o contribuinte.
De jatinho ou de helicóptero, eis o Estado
Garantindo a integridade desse acinte
Ao bom senso, sonso, estúpido, lesado.
Quer palanque? Serve o caixão do seu neto?
Pois do esquife da Marisa a serventia
Foi bem clara, é certo, o escopo desse afeto
Sem limites mal sugere o que sentia.
Quer o mundo? Está lá fora, ex-presidente,
Vá buscá-lo! Pois se o cárcere é ilegítimo
O que impede -- ora que coisa! -- esse ir em frente
Sem sentenças, sem triplex, sem qualquer sítio?
Quer aplauso? A multidão (seu nome é Besta)
Farejou tantas mentiras...jaz nauseada,
Arredia...Ah, quem diria? É indigesta
A tragédia que se quis farsa ou piada.
Quer fortuna ou testemunho de quem foi?
Apanhar o dia dos predestinados --
Seu fracasso, sua queda que ainda dói
Entre o sete de setembro e Finados.
Quer o mundo? Está lá fora, ex-presidente,
Vá buscá-lo! Pois se o cárcere é ilegítimo
O que impede -- ora que coisa! -- esse ir em frente
Sem sentenças, sem triplex, sem qualquer sítio?
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