A SOLIDÃO DA BAILARINA
Sapatilha de ponta, leve flutua
Olhar ao espelho, ensaio extenua
Cabeça sonha no mundo da Lua
Baila a estrela às sós pela rua
Desejo infantil de quanta menina
Ser do elenco primeira bailarina
Sai só do teatro quando o show termina
Para num bar qualquer de esquina
Intenso aperto fere o coração
Sorri aos aplausos, chora à solidão
Essa tristeza persiste sem solução
Falta alguém que lhe segure a mão
Longa madrugada rola na cama
Imagina-se no mar intocada ilha
Ouve elogios, apesar de tanta fama
Não tem par pra dançar a quadrilha
Queria um Arlequim que lhe sorrisse
Sentir no rosto confetes e serpentina
Entre os pares sem que ninguém a visse
Ser no baile apenas uma Colombina
Vão-se os dias em dolorosa rotina
Dança no palco admirada rainha
Entretanto basta fechar a cortina
No palco da vida dança sozinha