O Carteiro e a dona Saudade

O carteiro e a dona saudade.

Carteiro! Carteiro!

Tem carta pra mim?

Qual é o seu endereço senhora?

Para que eu possa lhe atender corretamente.

Moro na rua do coração.

Mas por vezes fico lá na esquina dos pensamentos.

De botuca, esperando você passar.

Oi?!

(risos) Estou brincando, não se preocupe.

Tudo bem, senhora.

Meu nome é Saudade. E aí, tem carta pra mim?

Dona Saudade da rua do coração...

Dona Saudade da rua do coração...

Bem, "pra variar", há uma imensidão de cartas pro seu endereço.

Diga-me, senhora:

Como consegue tantos amores?

Como tantos se lembram de você?

Eu estou sempre trazendo cartas todas as manhãs...

Ah, carteiro...

Se tivesse mesmo um jeito,

De eu poder lhe explicar o que ocorre.

Sabe, a dona Saudade aqui é bem simples no tratar com as pessoas.

Dou a elas sempre o melhor de mim.

Por isso, quando precisam não querem ir.

Quando vão, estão sempre desejando voltar.

São tantas as pessoas que conheço.

Hum... Quem me dera poder ser lembrado assim.

As pessoas só querem saber de contas e encomendas.

Sabe, a senhora tem um povo bem fiel.

No mais, todos os outros só querem saber de si.

(risos) Ah, carteiro...

Para de desvaneio.

Você também tem muita sorte.

Eu? Por quê?

Oras, você não recebe cartas mas as entrega.

Pode ver a felicidade no rosto e a alegria no peito.

Não está feliz por me ver assim?

Além do mais, você pode ver os seus dia após dia...

Vai dizer que você não me considera?

Ah, dona saudade...

Só você mesmo pra me fazer cair em si.

Se a considero?

Como não poderia se carrego a senhora no peito?...

Até amanhã.

Preciso continuar a entrega...

Até, carteiro. E obrigado pelas cartas de todo dia...

Lucas Rodrigues do Carmo
Enviado por Lucas Rodrigues do Carmo em 02/03/2019
Reeditado em 03/03/2019
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