Desilusão nética
Logo que te visualizei em meu monitor,
Senti-me novamente formatado, reinicializado.
Abriste centenas de windows de minh’alma.
Quis te ter.
Tentei te salvar as palavras em meus documentos,
teu semblante em minhas imagens,
mas meu hard disk não suportou.
Dez vezes mais gigabytes tivesse, não te caberia,
ainda que fosse zipada ou rareada.
Pensei em te enviar a mim mesmo por e-mail,
Mas meu provedor não permitiu que te anexasse.
A solução seria, então, salvar-te em pasta virtual...
Não estaria em meus arquivos pessoais, mas poderia
te visitar quando quisesse,
na nuvem.
Error meu...
Tua beleza de tão grande fez a rede cair no mundo inteiro
e até o google entrou em manutenção.
Quando ainda me debatia procurando uma forma de te instalar
em minha máquina,
Eis que chega uma nova mensagem:
tudo@cabado.final escreve:
Não quero saber de vc! Nem hard, nem soft. Não dei “ctrl t”,
nem “ctrl c”, nem “ctrl v”, nem tampouco “ctrl b”...
tudo@cabado.final escreve:
Vc foi deletado logo que entrei em outro link...
tudo@cabado.final escreve:
Apaguei todos os cookies relacionados a vc e limpei o
histórico do dia em que, por acidente, nos acessamos...
tudo@cabado.final escreve:
Vc não passou de um chat, um clique equivocado de
meu mouse...
tudo@cabado.final escreve:
Vc é página não encontrada, um arquivo não localizado,
um texto não digitado, uma imagem não disponível
tudo@cabado.final encerrou a conversa.
Imóvel, frente ao micro, atônito em modo de espera,
faço, então, o download da verdade.pdf, sem chance de alteração:
no amor não correspondido, de nada vale selecionar uma pessoa,
copiá-la, colá-la nem mesmo salvá-la
se do outro lado da linha, um comando apenas
decreta o fim de tudo:
"ctrl z".
Desligar.