Mudanças.
Mudanças.
Já mudei tantas vezes, nem me lembro,
Mais qual foi a minha primeira vez.
Daquele beijo escondido, do amor declarado
De qual rua ramalhetes de flores carreguei
Nas mãos tremulas no primeiro encontro.
Em que esquina esqueci meus sapatos,
Descalço de volta pra casa perdido por
Tantos caminhos, não recordo com exatidão.
O melhor abrigo, esconderijo das brincadeiras
De pic- esconde acontecia nossos beijos.
Pêra, uva, maçã, salada mista sempre escolhíamos.
O melhor amigo que defendíamos dos equívocos,
Pois já sabia quem era ela a escolhida.
Já mudei tantas vezes que nem me lembro mais
Do meu endereço favorito, a turma da esquina
Já não forma mais o clubinho.
Na rua das crianças não consigo ouvir seus gritos,
Seus gargalhar, nem a euforia da vitoria,
Ao conquistar a bandeira adversária.
O grande conflito era sempre quem ficaria
Com o melhor jogador na partida de queimada.
Tudo se resolvia com muitas risadas e o lanche
Na casa da tia Custódia.
Já mudei tantas vezes que nem lembro mais
A primeira vez que saímos correndo de casa
Para as chuvas de verão, pular poças, correr na enxurrada.
Da partida de futebol na rua do asfalto,
Pois assim era conhecido nosso endereço
Rua do asfalto, rua das crianças, casa de tabua.
Casa da vó e tia Custódia, onde todos comiam,
Bebiam, dormiam e divertiam.
Já mudei tantas vezes que nem sei mais
Onde esta minha criança, nem sua rua mais qual é.
Mauricio C Ferreira.