VIOLAÇÃO

Fui levada.

Por entre corredores,

tantas luzes,

cegavam.

Um rumor de espera

atravessou tudo.

Ondas coruscantes

percorriam o corpo.

Cansados olhos

foram se entregando...

Sem forças

pra lutar.

Violaram-me o corpo

enquanto eu dormia.

Remexeram-me as culpas.

Vasculharam-me o ego.

Retalharam-me o íntimo

sem que eu desse

permissão.

Com suas estranhas

vestes,

conversaram e riram

enquanto extirpavam-me os pobres podres pudores.

Nenhuma culpa.

Eu ali,

seios à mostra,

púbis exposta,

nada a fazer.

Depois de tudo,

sem cerimônia

costuraram-me

as fendas,

cobriram-me os seios

e me devolveram

com calma

ao meu marido,

que me esperava

aflito

no quarto ao lado.