Liberdade Condicional
A treva assentida pela escuridão hoje é bem mais nutrida.
O perfume da loucura você me trouxe num raro frasco que quebrei antes mesmo de sentir sua quentura.
Na verdade fui eu ou você que negligenciou as essências que nos conectavam?
Lembro que minhas canelas são de incenso, e cada vez que me queimava, no seu quarto escuro, perdia-me no mundo e morria sem ver.
Quem poderá espanar a poeira nos esquadros de minas inspirações? Meus deuses e demônios não assusta-me, muito menos acalentam-me; quero ao menos um espantalho que afaste esse espírito que assusta-me com suas vãs promessas de liberdade.
Hoje é você que se faz fumaça nesse incenso foleiro; meus olhos ardem mas nada que me faça chorar.
Não há espelho que possa refletir meus olhos...
Não há em meus olhos verdades quem possam convencer-lhe e assim segue minha liberdade condicional.
Lanço minha embarcação ao mar, sigo clandestino, sem porto seguro vulnerável à qualquer canto de sereia; mesmo sabendo de seus encantos e perigos mortais!
conto as estrelas sem medo de verrugas.
Bebo seu veneno sem medo da morte.
e canto sabendo que a vida tem razão.
maldito perfume que ainda seduz, seu perfume ganhou minhas vestes, se atreveu a entra em meu poema e ganha cores na composições de todo(a)s o(a)s poetas.
A vela que consentia com a clareza de teu dorso se apagou num sopro de vento gelado. Tenho a liberdade de navegar os sete mares confinado na embarcação que construir com seu perfume derramado, descrevo aqui minha liberdade condicional à deriva... nas linhas irregulares que descreve as biografias dos "vermes" que hão de comer até o rei, que escapar do fogo, amém !!!