Eu tenho vergonha de dizer e outra sem-vergonha
Eu tenho vergonha de dizer
Que eu [também] sou infantil e arrogante,
Que eu já sou velho antes da idade,
Que eu sou preguiçoso, um vagabundo,
Não tenho vergonha de dizer,
Que eu não tenho culpa,
De ter uma mente tão afiada
Tão entregue à realidade
Que está além dos prédios mais altos
Dos egos, das vaidades,
Eu tenho vergonha de dizer que eu não sei se ainda sou humano
Que eu não estou preocupado em melhorar
Porque não há nada pra ser melhorado
Porque eu cheguei em minha essência
Que não sou eu
mas a sociedade
Que eu não sou este caos organizado
Que enriquece os mais demoníacos
E empobrece os mais ponderados
Sou vagabundo, mas não sou parasita
Estou em contato com o único mundo
E eu vivo as minhas poesias
Eu não quero te explorar
E também não quero ser explorado
Eu não quero ter sempre que agradar
Mas eu sempre quero ser agradado
Que levante a mão quem nunca flertou com a hipocrisia
Eu não quero estar acima de você
Se eu sei que somos todos iguais, mortais
Eu também não quero estar ao seu lado
Junto ao seu trabalho escravo
Eu só quero e só vivo a minha consciência
Que está sempre além, mirando o paraíso
Que não está no céu azul
Que é o céu azul, e a verdadeira filosofia
Onde tudo começa e termina