operários I
e éramos grandes
e, assim, as flores,
as sacadas,
as ruas e as namoradas
e éramos a canção,
das calçadas, o chão,
dos passos, a pressa
da loucura, multidão
também éramos do peixe,
a pesca,
do talho em seringueira,
o Chico e as mãos
e éramos o tijolo, o barro,
a construção
e também éramos
do meio dia, o pão
da terra, as roseiras
que franziam têmporas
em vão
e éramos a cor,
da bandeira, o cão
- e que foi súbita a noite
dos que caíram em vão?
e as máquinas romperam as horas
e já não éramos dos ponteiros, as sobras
e fomos grandes,
no tempo da revolução