Tempo
Tudo tem seu tempo
Tempo para tudo
Tempo de amar sofrer plantar colher
Melhor o tempo de colher
Melhor ainda o tempo de sombra e água fresca
Nem sempre quem planta colhe
Pois o latifundiário engole
Seres moucos
De olho no lucro
Chamam isso de meritocracia
Enquanto quem planta vive na pobreza
Imposta pela ganância de poucos
Se para colher bastasse plantar até que seria fácil
Antes tem de germinar
Adubar capinar irrigar
Porque às vezes não chove
Fora isso tudo tem seu tempo
Tempo de chuva frio sol calor
Tempo de alegria
De geada e gemidos
Há quem gaste o tempo para matar
Matar o tempo matar açude
Tempo de matar a sede
Tem até tempo de perder tempo
Tempo brando e de tempestade
Passear no campo e em outros lugares
Tempo de lares
Tempo doido e doído
De estrelas e estalos
Tempo de pôr o pé na estrada
Automóvel quem tiver
Subir ladeira com ou sem pedra na cabeça
Tempo de falar à beça
Silenciar e consentir
Pentear e prantear
Beber sucos de frutas e etílicos
Tem o tempo de dizer chega!
De mudar a regra
Tempo excreção e exceção
Tempo de pôr fim a tempo ruim
Analisar os fatos
Dizer não ou sim
Tempo de templos
Tempo de oração e ação
Cabeça no vento
Tempo de jogar os dados
Apontar os dedos na ferida
Tempo de navegar em mares nunca antes navegados
De contar estrelas
Nascer verrugas e rugas
Tempo de reflexão...
Tempo de fazer revolução!