FUNERAL DO OPERÁRIO
Não há nada pra levar
também nada que deixar
nada foi o que na vida
ele conseguiu juntar.
Não tem cargo nem salário,
vai-se assim o operário
na saída do calvário
sem nem poder reclamar.
Seu protesto indigesto
teve que ser engolido
sua voz silenciada
sua boca amordaçada
sua visão ofuscada
quisera nem ter nascido.
Vai-se assim o proletário
sem direito a despedida,
a miséria da chegada
é a mesma na partida.
Vai deixando seu legado
sem nenhuma euforia
os filhos esfomeados
sustentando a burguesia.
Onde a fartura é privilégio
ser pobre é um sacrilégio
doença não tem remédio
e proletário é ninharia.
Saulo Campos-Itabira MG