Mente inquieta
MENTE INQUIETA
Mente inquieta esta minha,
Que agita, revira e caminha.
Canta, ruge, esbraveja,
Sapateia, rodopia e incendeia.
Toma vinho, bebe cerveja
E a água saboreia.
Mente criança
Que corre e brinca
De esconde-esconde
E amarelinha.
Pula, gesticula, salteia
Jogando fora
A fada madrinha.
Castelos, eu não quero.
Quero a mata cerrada
Que com coragem
Será desbravada
Encontrando no fim
O meu pouso.
Quero subir, descer,
Andar, procurar,
Sem repouso, o ideal.
Mente vadia, irreal
Aonde me levas
Neste desvario?
Brigo contigo
Porque não te entendo
E quando eu a compreendo
Arrependo-me desta briga.
Mente inquieta que me desperta
Do torpor, desânimo, depressão.
Pensei ser estúpida e és esperta
Conduzindo-me por tua mão.
Quero-te bem, minha mente.
Pois somente aquele que sente
Sabe ter mente e ter razão.