Vou-me Embora de Pasárgada

(Parafraseando Bandeira)

Vou-me embora de Pasárgada

Lá tenho medo da lama

Lá tem barragem a montante

Viver lá é um drama

Vou-me embora de Pasárgada.

Vou-me embora de Pasárgada

Lá eu era feliz

Agora a existência é uma tormenta

De tal modo inconseqüente

Que ELA a Louca Canadense

Rainha e falsa demente

Vem a ser tão inclemente

Com o povo tão sofrido.

E como farei ginástica

Andarei de bicicleta

Montarei em burro brabo

Subirei no pau-de-sebo

Tomarei banhos de lagoa!?

E quando estiver cansado

Deitarei na beira de qual rio?

Onde está a mãe-d'água

Pra me contar as histórias

Que no tempo de eu menino

Rosa vinha me contar?

Vou-me embora de Pasárgada

Em Pasárgada tinha tudo

Era só tranquilidade

Era um lugar seguro

Não tinha degradação

Não tinha sirene automática

Para nos deixar em pânico

Durante noites aflitas

E nos fazer "evacuar".

E é a coisa mais triste

Mais triste de não ter jeito

Quando a indesejada se romper

Na ganância de nos matar.

— Lá não tem lei —

É área de salva-se quem puder.

Tomei esta desventurada decisão:

Vou-me embora de Pasárgada.

Paulino Pereira Lima e Manuel Bandeira
Enviado por Paulino Pereira Lima em 18/02/2019
Código do texto: T6578294
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