Vou-me Embora de Pasárgada
(Parafraseando Bandeira)
Vou-me embora de Pasárgada
Lá tenho medo da lama
Lá tem barragem a montante
Viver lá é um drama
Vou-me embora de Pasárgada.
Vou-me embora de Pasárgada
Lá eu era feliz
Agora a existência é uma tormenta
De tal modo inconseqüente
Que ELA a Louca Canadense
Rainha e falsa demente
Vem a ser tão inclemente
Com o povo tão sofrido.
E como farei ginástica
Andarei de bicicleta
Montarei em burro brabo
Subirei no pau-de-sebo
Tomarei banhos de lagoa!?
E quando estiver cansado
Deitarei na beira de qual rio?
Onde está a mãe-d'água
Pra me contar as histórias
Que no tempo de eu menino
Rosa vinha me contar?
Vou-me embora de Pasárgada
Em Pasárgada tinha tudo
Era só tranquilidade
Era um lugar seguro
Não tinha degradação
Não tinha sirene automática
Para nos deixar em pânico
Durante noites aflitas
E nos fazer "evacuar".
E é a coisa mais triste
Mais triste de não ter jeito
Quando a indesejada se romper
Na ganância de nos matar.
— Lá não tem lei —
É área de salva-se quem puder.
Tomei esta desventurada decisão:
Vou-me embora de Pasárgada.