A RAZÃO

Rio, 25/03/83.

Como conheceria a Verdadeira Vida,

Se pela morte não passasse?

Como conheceria a alegria,

Se a tristeza não se retirasse?

Como conheceria a Luz,

Se das trevas não me afastasse?

Como conheceria a Deus,

Se do pecado não me desviasse?

Porque escrito está:

Sede santos porque Eu Sou Santo!

E poderia eu enganar

Aquele que tudo esquadrinha?

Se eu me retirasse para além mar

Ou nas trevas me escondesse,

Ou até o inferno descesse,

Será que não me veria Seu Olhar?

Será que eu dissesse:

Vive a tua alma, meu irmão!?

Mas as ocultas minha língua o matasse!

E dissesse: Amo-te meu irmão!

E do meu coração chispas de ódio atirasse,

Será que o que tudo vê, não veria?

Será que da minha mão não requereria?

Porque diz: Amai-vos uns aos outros!

Mas este amor é só de lábios

Ou não de puro coração?

Só de palavras

Ou não de sincero perdão?

Acordai! Acordai!

Acordai para a Vida!

Acordai para ver,

Porque já estou de pé!

Acordai! Acordai!

Antes da minha chegada,

Pois não quero ver

A vossa face molhada.

Quando, naquele dia, tu ficares

E outra for tomada.