CRUELDADE! (156)
De joelhos me posto,
Ante ti, cruel verdade,
Deixo que me arranques, do sonho,
E me exponhas, à dura realidade...
Abres meus olhos, me fazes ver o que não quero,
Arrastas-me pelos cabelos, dilaceras sem dó, meu peito,
Acendes os holofotes do velho palco, embolorado,
E me expões como caça, abatida em holocausto...
E assim, cruel verdade, louca, alucinada,
Gritas-me impropérios, sorris realizada,
Maldosa, me transformaste no que sou agora,
Nada, do que queria ser, eu só, me enganava...
E, enquanto a plateia de zumbis, a verdade, aplaude,
Um anjo se sobrepõe, a minha triste imagem,
Arruma meus cabelos, com um manto azul, me cobre,
E pela mão me leva... P`ra última viagem...