TRANSFORMAÇÃO
A velocidade em que circula o capital,
o tráfego, o trajeto e o trote
é medida de toda transformação
no edifício, no barraco e na casa.
Quando o mundo para de girar
qualquer criança pressente
a ferrugem gangrenando articulações;
então coágulos cumulam dióxidos poluentes
nas artérias do sistema em simetria perfeita
ao tráfego, o trajeto e o trote
no edifício, no barraco e lá em casa.
O tranco nas cadeias da transformação
estacam o fluxo com cimento e ferro;
se não escrevo esvai-se tão rápido o que sou
que me perco de mim assim sou o que passou.
A velocidade impiedosa cria conceitos
que evaporam da noite para o dia
como o tráfego no trajeto do trote
dos edifício e dos barraco e das casas.
Coligações evaporam no éter limite da alma
da noite para o dia, da noite para o dia
viver é perceber-se na desconstrução
e constatar a edificação contínua
vertigem, artéria, ferrugem.
Se escrevo "toda noite, todo dia"
desencadeio o ocre do cimento
na fachada decadente
do meu pensamento.
Hei de morrer em breve, eis a grande novidade:
nada dura tanto.
Antes meto tinta na transformação.
Uma hora a trava encaixa ultrapassada,
o tráfego refaz o trajeto que refaz o trote
na mesma velocidade sobre os edifício
dos pensamentos, barracos e casas.
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Baltazar Gonçalves