NOTÍCIAS NO VENTO
Um ramo de alecrim atravessou
a carne do vento e perfumou
notícia ruim de olor abrasivo.
Carcarás pescam no aquário.
Quantas árvores arrancadas
choram sementes não plantadas?
Quantos meninos e meninas
retorcem seus sonhos explorados?
Sobre a flamula carioca um urubu,
no congresso homofobia é crime.
Os esquecidos assobiam na ventania,
há palmas no caminho de Aparecida.
Nenhum Messias virá nos salvar,
já fomos redimidos pela filosofia.
Para comer, morre-se.
O público na privada.
Servido na bandeja,
sem pé nem cabeça,
um pedido de s.o.s.
Seja forte o punho cerrado
seco soco de doce lamento.
Seja a rosa na mão do povo
o poema novo ressuscitado.
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Baltazar Gonçalves