Para o Fim

Para o fim guardei alguns gostos de infinito

Uma canção para o momento e frutas frescas

Para o fim sempre temos o tempo necessário

Nem sempre temos companhia, nem sempre

Porém, os olhos sempre esperam pelo inesperado

E mãos em prece aguardam que sejam seguradas

Para o fim colhemos flores brancas e amarelas

E água de filtro, e rugas ao redor dos olhos

E há aqueles passarinhos matinais a nos cantar

Sem saber que cantam

Para o fim arrumamos a casa, tiramos pó das coisas

Lavamos a louça, estendemos o sol no quintal

E as sombras das árvores mais bonitas nos cobrem

Para o fim há um sorriso daqueles da infância

E o doce mais doce que comíamos a séculos atrás

Para o fim guardei alguns gostos de infinito

E a finitude das plantas aquáticas, das belezas bonitas

Para o fim chegamos de véspera, na hora de partir

Partimos o bolo confeitado da vida, servimos ao fim

Para o fim o tempo nos toma pelas mãos

E nos convida a dançar seu último samba canção

Seu bolero de Ravel, seu tango argentino, seu chorinho

tristonho.

Milton Oliveira

14fev/2019

milton antonios
Enviado por milton antonios em 14/02/2019
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