Capoeira
Me perguntam se quero revolução
Do homem servil, dão as coordenadas
Nas costas o mapa da flagelação
Desenhado por chibatadas
E me apresentam correntes
Na carne a dor, na alma liberdade
Mas sigo mostrando os dentes
Desafiando a maldade
No tronco de mãos amarradas
Que se unem para uma oração de amor
Pernas frouxas pelas vergastadas
Gritos uivos como hino de louvor
Porque a lembrança da cadência do chicote
Marcará o ritmo para minha dança
Que há de me deixar mais forte
Renovando minha esperança
Pois acredito que existe um além
É uma fé que guardo no coração
Nesta terra ninguém é mais do que ninguém
Demoramos o mesmo tempo para decomposição
Então quando eu olhar para o chão
Não concluas entrega ou falta de altivez
Apenas ensaio a próxima ação
E você pode ser o da vez
Pois no tempo que me sobra
Cansado de levar rasteira
Mais no chão do que uma cobra
Eu aprendi capoeira