SOFISMAS
Perco, num instante, as palavras.
E elas, inconscientemente, formam
Um desenho sem forma. A
Poesia, cúmplice, cumpre o
Dever de manter-se ausente.
Poderia resistir, se me dessem mais
Do que me dão. Ou manter-me
Em silêncio, enquanto propagam
Heresias com voz de pássaros, em
Salões felizes. A farsa das palavras, no
Entanto, não me deixa deixar
De lado os sofismas de minha
Própria voz. São gente, pessoas
Que esperam, de algum modo,
Uma resposta. Quem lhes dará?
Não será meu verso, manipulação?
E Minh’ alma, um cruzamento de
Ideias? Falo de mim, ao mesmo
Tempo repreendo minha voz e
Minhas mentiras. A poesia, não
Teimem, está morta.