Meus Pássaros
Uma dose de coragem,
um gole a mais,
um brinde à saudade.
Enquanto isso,
pássaros me olham por todos os lados,
uns nem tanto, outros raros.
Não cantam, calados escondem-se
no ar de sorrisos disfarçados.
Pássaros medonhos, com seus olhos encarnados,
como a mistura de cores de tardes e noites assombradas
de verões passados,
embebida no semblante morto de seus próprios rostos,
nos lábios escondidos na cor
do batom que só faz brilhar um profundo mau gosto.
Vivem e tentam voar sem asas,
mas delas não precisam, pois
não sabem para que servem,
nem as pedras, nem os verdes montes, nem os mares e
nem os galhos para pousar.
Derribados e acuados por eles mesmos,
batem sempre em retirada,
quando os meus pássaros, em busca de outras terras,
intentam voar.