Só
O não saber castiga
mas o saber tortura mais
a certeza da existência
do vago e longo jamais.
Desesperador continuar,
suportar o açoite voraz
é a única saída
que o trajeto trás.
Em meio a extinção caminho só
escolha do mundo, culpo a insanidade
destinada a viver e morrer de saudade
o vazio é surreal
plebe tão hostil e desigual.
Entre muitos, vou a esmo
poucos querem me acompanhar
mas não podem, pois nunca poderão mudar.
Não há como dividir essa lida,
quando a desventura é rotina
que da existência não foi abolida.
Tão doloroso encarar
o medo sufocante do despertar
o mundo enlouqueceu e quer meu sangue
o que do amanhã esperar?
Eles passam através de mim
eu não os reconheço
não me enxergam e temo ser vista.
O exílio excruciante me devora
busco esperança na fresta de destruição
como sobreviver no caos da multidão?
Sonhos demolidos no despedaçado jardim
o desertar é o que me espera no fim.
A solitude será eterna vizinha
eu sei que estou sozinha.