a fotógrafa

Repousou suas lentes no asfalto

Para capturar a luz vinda lá do alto

Irradiando cores na imensidão

Muitos ali já haviam passado, nem sequer tinham notado ou prestado atenção

Em meio a correria dos outros ela andava em contra mão

O seu olhar insano destoando da razão

Ignorava o preconceito

E mesmo sem saber direito

Dava olhos ao coração

Capturando com um clique a beleza de alguns pássaros

Que desapercebidos sobrevoaram o horizonte Fazendo sombra no chão

Horas iam se passado, depois dias e enfim anos...

Mas aquela imagem não

O mundo era sua tela

E o que se via nela

Parte era arte, parte imaginação

Ela nunca teve casa

O seu lar era o infinito

Transformando o feio em bonito

E tornando enterno tudo que podia enxergar

Mesmo quando a cena lhe doia

Esvaziava de chorar no outro dia

Mas seguia

Era mais forte que ela a vontade de sonhar

Encontrando melodia no mais improvável lugar

Parecia que por trás das lentes o mundo todo cabia

Nasceu com o dom de traduzir o universo em uma só fotografia

...dedicado a uma pessoas especial, que eu capturei na memória a algum tempo atrás...