NATAL EM PARIS
Pés congelando, solitário pelo convés
Luxo de Titanic, passeio de gente chique
Paris num cruzeiro a preço de promoção
As renas de Noel contrastando a Torre Eiffel
Noite de céu sem luar a procurar estrelas
Nuvens escuras não me permitiram vê-las
Novo Ano esperei do lado esquerdo do Sena
Vento ártico de alto mar esquenta a cabeça
Neve caindo, menos vinte confiro o termômetro
Não que eu não mereça, mas será que vale a pena?
No bolso do agasalho, descansa inútil cronômetro
Na escuridão duvido sejam quatro da tarde
Não há sequer um sabiá fazendo alarde
Como cantar se o mar não tem palmeira
Vem-me a saudade de correr pela praia
Ver fio-dental, topless e microssaia
Quando a camiseta pingar suada
Água de coco saindo da geladeira
Caminhar sem destino, ver umas vitrines
Deitar com mil ideias a resolver nada
Afundo-me nas cobertas tremendo de frio
Presto atenção no silencio das cabines
Sonho com saudade do Verão lá do Brasil
E desperto cantando:
“Entrei de gaiato num Navio,
Mas tô voltando... "