P R E C I O S I D A D E S (149)

CAPRICHO DE DEUSA

Às vezes esta deusa, esta princesa

despe a clâmide branca, a toga austera,

e dos degraus de estrela de onde impera

baixa à terra - numa hora de fraqueza.

Quer ser mulher e entrar na natureza,

vem até mim, como domada fera,

beija-me a boca e foge, e não espera ...

Ateia a chama e a chama fica aí acesa.

De longe, só por molestar-me, insiste

a olhar-me, a olhar-me !... E após, ao ver-me triste,

na voz um riso, um riso na retina

Meu coração agarra, agarra e estrinca,

como quem, por passar o tempo, brinca

com um pomo preso ao galho que se inclina.