Em palavras
 
Nada parece tão simples
Deito no colo do tempo
Vivo a caminhar juntando letras
Passo pelo silêncio encantado
E viajo entre veredas solitárias
Estreitas e descuidadas
Palavras inquietas surgem
Nunca me deixam só
Irritam-me as reticências
Quando sinto a hora do descanto
Sigo na noite a colhê-las
É complicado e impossível domesticá-las
Debruço na página um traçado em vogais
O silêncio acolhe a dista e vai
Na irreverência clara de alguns verbos
E segue à noite a fabricá-las
É deserto e nunca me deixam só
A solidão não ousa me aborrecer
Todas juntas fazem muito barulho
Qualificando os ruídos pertinentes
O vento sopra novo em folha
Passo pelo orvalho para resfriar a alma
São dias claros e outros nem tantos
Tirei férias e vou caminhando
Entre partes ainda não ditas
Num amor desmedido
Sigo num caminho prolixo
Entre adjetivos difusos e exóticos vou indo
Sei que o real torna mesmo possível
Num delinear apalavrado
 

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Gernaide Cezar
Enviado por Gernaide Cezar em 02/02/2019
Reeditado em 05/02/2019
Código do texto: T6565298
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